2007-11-12

O Investimento Europeu na ESA e as Futuras Missões até 2025

10-Nov-2007 - esquerda.net

Foi recentemente seleccionado o conjunto de futuras missões espaciais do programa científico da ESA, intitulado Cosmic Vision. Este programa abrange as missões a lançar entre 2015 e 2025 às quais foi lançado o desafio de responder a quatro perguntas:
1. Quais são as condições para a formação de planetas e de vida?
2. Como funciona o sistema solar?
3. Quais são as leis fundamentais da física que regem o Universo?
4. Como se formou o Universo e qual a sua constituição?
Artigo de Rui Curado Silva, investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra As missões agora escolhidas destinam-se a um período inicial cujo lançamento se deverá realizar até 2020. No total de oito, estas missões serão reduzidas a quatro que serão efectivamente lançadas, após uma fase de avaliação que durará dois anos. Entre as oito missões referidas, quatro missões são dedicadas à astrofísica, abrangendo assuntos que vão desde o estudo da matéria escura à descoberta de novos exoplanetas. As restantes quatro missões destinam-se ao estudo do Sistema Solar, em particular ao estudo dos sistemas planetários de Júpiter e de Saturno, à recolha de matéria de asteróides e ao estudo de plasmas que envolvem a Terra.

O programa espacial da ESA tem cerca de 15 satélites a operar em permanência. O seu programa científico rivaliza com o programa da NASA e está claramente à frente nas missões de observação do Universo, nos grandes telescópios espaciais que cobrem os todos comprimentos onda observáveis a partir do espaço: do infravermelho aos raios gama. No entanto, a actual primazia da ESA está em causa dado o fraco incremento dos últimos orçamentos elaborados pelos conselhos de ministros europeus, cronicamente abaixo das perdas geradas pela inflação europeia. Apesar de os EUA apresentarem um PIB similar ao da Europa, a NASA tem um orçamento cinco vezes superior ao orçamento da ESA. Seria talvez tempo de a Europa reflectir a sério sobre o seu programa espacial, sobretudo tendo em conta o comprovado impacto positivo na sociedade que decorre do desenvolvimento de tecnologias espaciais. Por exemplo, duas tecnologias de uso generalizado de origem "espacial" são: o código de barras e a máquina fotográfica digital.

No plano nacional, o Programa Dinamizador das Ciências e Tecnologias do Espaço foi suspenso pelo Ministério da Ciência indefinidamente desde o início de 2006, na pior altura, precisamente quando o Programa Cosmic Vision foi lançado pela ESA. Actualmente existem duas participações portuguesas na definição de prováveis missões futuras da ESA. Um consórcio composto pela Faculdade de Ciências de Lisboa, pela Universidade de Coimbra e pelo Centro de Astrofísica do Porto participa no grupo de trabalho para análise dos dados da missão Gaia. A Universidade de Coimbra e a Universidade de Évora estão envolvidas no grupo de trabalho que projecta e desenvolve os instrumentos do plano focal de um novo telescópio de raios gama a propor ao Cosmic Vision: o Gamma-Ray Imager.

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