2007-10-26

Fragmentos fósseis de cerca de 95 milhões - Texto cediddo pelo André Mogrão, falta a referência bibliográfica

Fragmentos fósseis de cerca de 95 milhões de anos são descobertos no norte do Maranhão

A fauna pré-histórica maranhense ganhou novos membros. É o que sugere um recente estudo desenvolvido em um dos mais ricos sítios paleontológicos do Brasil: a Laje do Coringa, na Ilha do Cajual, norte do Maranhão. As novas descobertas são o produto de uma já consagrada parceria entre os grupos de pesquisa da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e da UNESP (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro.A partir de diversos dentes fossilizados coletados na região, os pesquisadores encontraram evidências que apontam para a existência de formas animais até então desconhecidas que teriam habitado o Norte do Maranhão, entre 100 e 95 milhões de anos atrás, no período Cretáceo.
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A investigação vem sendo desenvolvida pelo paleobiólogo e mestre pela UNESP, Felipe Alves Elias, em conjunto com o Prof. Dr. Manuel A. Medeiros, da UFMA. A partir da análise de dois pequenos dentes de bordas altamente cortantes encontrados na Ilha do Cajual, os pesquisadores reconheceram um grupo de dinossauros carnívoros conhecidos como Velociraptorinae. Suspeitas da existência desse tipo de dinossauro no passado da região maranhense remontam ao final da década de 90. Os novos dados não apenas parecem confirmar essas suspeitas como também sugerem a existência de uma grande diversidade desses animais, já que os dentes analisados diferem de quaisquer outros já catalogados.Membros de um grupo de dinossauros carnívoros que variavam do tamanho de um peru ao de uma ema, os velociraptoríneos caracterizavam-se por possuírem cauda longa e rígida, membros dianteiros vigorosos, postura bípede e patas traseiras munidas de garras recurvadas e pontiagudas – armas poderosas utilizadas para auxiliar no abate de suas presas. Recentes descobertas na China sugerem também que estes animais eram provavelmente emplumados, algo que os aproxima de seus parentes modernos mais próximos, as aves.Estes pequenos carnívoros, famosos após serem retratados na produção hollywoodiana "Jurassic Park", já eram conhecidos no Brasil nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, porém datavam de épocas mais recentes (entre 80 e 65 milhões de anos).O resultado mais empolgante do estudo veio, porém, através da descoberta de dentes alongados e pontiagudos, atribuídos a pterossauros - criaturas voadoras consideradas parentes próximos dos dinossauros. No Brasil, o mais importante registro destes animais encontra-se na chapada do Araripe, fronteira entre os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. Esta é a primeira evidência do grupo no Maranhão e uma das poucas em território brasileiro fora da região do Araripe.As características dos dentes analisados sugerem que no Maranhão existiram pelo menos dois grupos distintos de pterossauros, os Anhangueridae e os Ornithocheiridae. Os Anhangueridae tinham entre 3 e 6 metros de envergadura de asa e eram dotados de estranhas cristas na ponta do focinho. Já os Ornithocheiridae eram provavelmente menores e possuiam dentes longos e comprimidos lateralmente.Fósseis de ambos os grupos também podem ser encontrados na região do Araripe e, embora apenas através da morfologia dos dentes não seja possível definir com precisão a que espécies pertenciam, é provável que os pterossauros maranhenses tivessem um parentesco próximo com as formas que habitavam aquela região.Os pesquisadores também encontraram semelhanças morfológicas entre vários dos exemplares analisados durante a investigação (incluindo velociraptoríneos e pterossauros) e formas presentes no mesmo período histórico na África. Tais semelhanças reforçam uma longa linha de evidências anteriores que já apontavam para uma proximidade evolutiva entre as faunas maranhense e norte-africana, mesmo no estágio final de ruptura das duas massas continentais.

2007-10-22

Perfurações no fundo do Oceano Árctico revelam que o pólo norte já foi uma região subtropical

O Árctico, sinónimo de gelo e frio, foi outrora uma zona com clima subtropical e temperaturas mediterrânicas. Estes foram os primeiros resultados da expedição ACEX (Arctic Coring Expedition), que rumou ao Árctico com o objectivo de perfurar o fundo do mar e recolher amostras de sedimentos, e que regressa hoje à Noruega. Isso aconteceu num período de aquecimento global, há cerca de 55 milhões de anos.

Andy Kingdon, dos serviços geológicos britânicos, disse ao PÚBLICO que durante as seis semanas da expedição, os investigadores de oito países conseguiram recolher amostras de sedimentos oceânicos a 430 metros abaixo do fundo do mar.

"A história inicial da bacia do Árctico será reavaliada com base nos dados científicos recolhidos na expedição", disse Jan Backman, da Universidade de Estocolmo, citado num comunicado do Consórcio Europeu para a Investigação Científica por Perfuração (Ecord, na sigla inglesa) - que financiou a expedição -, constituído por 13 países europeus, incluindo Portugal.

A primeira análise das amostras, realizada ainda a bordo do "Vidar Viking" - um quebra-gelo sueco munido com perfurador -, revelaram indícios do que terá sido uma zona marítima subtropical e pouco profunda em pequenos fósseis de plantas e animais marítimos já extintos.

Estes vestígios reportam-se a um breve período que ocorreu há cerca de 55 milhões de anos, caracterizado por um clima ameno que deu origem ao chamado efeito de estufa. Na época, tratou-se de um fenómeno natural que causou a libertação de dióxido de carbono em grandes quantidades para a atmosfera e para o oceano.

"Estas condições levaram à extinção em massa de organismos que habitavam no fundo do mar", salientou Michael Kaminski, do University College de Londres (Reino Unido). "Fazendo um percurso no tempo, pudemos ver que muitas espécies vieram a desaparecer."

Os cientistas conseguiram identificar o período de tempo a partir de sedimentos de um género de alga que só aparece em regiões subtropicais. Estes fósseis indicam que o oceano Árctico já apresentou temperaturas na casa dos 20 graus Celsius, similares ao mar Mediterrâneo, em comparação com as temperaturas geladas de hoje.

"O Árctico foi outrora muito mais quente do que se pensava", frisou Andy Kingdon. "Já se sabia que todo o planeta foi durante este período muito mais quente do que é hoje, mas o que é surpreendente é que as temperaturas eram também muito elevadas mais a norte."

As amostras irão ser analisadas com mais pormenor em laboratório, na Universidade de Bremen, Alemanha.

Andy Kingdon lembrou ainda as difíceis condições que a equipa teve de ultrapassar: placas de gelo gigantescas, temperaturas muito baixas e nevoeiro cerrado. "O pior foi aguentar o 'Vidar Viking' numa posição estável para o processo de perfuração, devido à instabilidade provocada pelo gelo muito espesso. Se o quebra-gelo se movesse mais do que alguns metros, o perfurador podia partir-se e comprometer a expedição."

(Setembro de 2004) - Netprof